sexta-feira, 9 de abril de 2010

Lady do Povo




“Sempre que vejo esse filme eu choro, não tem jeito. A única coisa que sempre peço para todos que virem o filme é que não olhem com esses olhos, mas com os olhos do coração”. A fala é da personagem central do documentário Rita Cadillac – A Lady do Povo, do diretor paulista Toni Ventur, filme que estréia hoje nos cinemas de todo o país.



O diretor acompanha o dia-a-dia da ex-chacrete, garota de programa, atriz pornô, cantora, mãe, dançarina e esposa Rita Cadillac. Por meio de depoimentos informais, dela e dos demais que convivem ou já fizeram parte de sua história, o documentário traça uma biografia dessa brasileira que já ganhou até título de Rainha do Bumbum.


Há também imagens raras, como a que mostra Rita dançando para os garimpeiros de Serra Pelada há três décadas e imagens do programa do Chacrinha, seu padrinho de estrelato. Há também outras não tão raras assim, como as dos filmes pornôs que ela fez nos anos recentes.


Dizer que é um grande documentário seria exagero, mas ao menos é sincero. Rita abre o coração em muitos momentos, não deixa de informar o que mais a incomodou e o que lhe trouxe mais alegria ao longo desses 56 anos de vida. Nada faltou, nem mesmo o relato minucioso de fazer filmes pornôs ou a experiência de se casar virgem e demorar uma semana para perder a virgindade. Aliás, essa parte do depoimento é engraçado e ao mesmo tempo triste.


Alguns depoimentos também trouxeram credibilidade ao filme, como o do médico Dráuzio Varela. Nas palavras do autor do belo livro Caradiru, fica claro que Rita é humana e tem preocupação social. Ela, eleita rainha dos detentos, se apresentou diversas vezes na antiga penitenciária sem jamais ganhar um único centavo para isso. A preocupação era apenas incentivar o uso de camisinha. E com isso, diminuir o contágio com o vírus HIV, mal que vitimava diariamente muitos detentos. Há mais depoimentos tocantes e engraçados, mas isso eu deixo para apreciação do leitor quando assistir Rita Cadillac – A Lady do Povo.

Por Manuel Marques

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