
Big Mike, como era conhecido o jovem Michael Oher, não tem estrutura familiar, ás vezes dorme na rua, sente medo de falar com os colegas de escola, se sente inferiorizado e não vê nenhuma perspectiva nem sequer para o presente. As coisas começam a mudar quando, numa noite fria, um casal vê o rapaz e se compadece dele. Sean e Anne Leigh resolvem levar Big Mike para casa naquela mesma noite.
A família é branca, o rapaz ajudado é negro. Os dois filhos do casal, uma adolescente e um garoto adoráveis tem amigos na escola, Big Mike não tem ninguém. Um pouco mais tarde, quando a mãe adotiva conhece o lugar e os amigos que cresceram com ele (a maioria dos colegas se tornou dependente químico ou criminoso) lhe pergunta: “O que você fez para manter a pureza?”. É claro que não vou dar a resposta aqui. Deixarei que você veja no filme. Mas a frase é para mostrar que través de contrastes como esses, Hancock constrói uma bela história, revelando pouco a pouco que o amor real e desinteressado destrói todas as barreiras.
Aliás, o cineasta foi feliz em tudo, a começar pelo elenco. Os atores estão tão bem em seus papéis que esquecemos que estão encenando. E quem contribui muito para isso é a atriz Sandra Bullock, que levou o Globo de Ouro desse ano e é indicada também para o Oscar de melhor atriz. É indiscutivelmente o melhor papel de sua bem sucedida carreira. Não há exageros nem apelo às lagrimas, embora este jornalista e alguns dos seus colegas verteram muitas delas durante a exibição na cabine de imprensa. A história toca, inspira, motiva e convence. Um belo filme, se não ganhar Oscar é certo ganhará um lugar no coração de cinéfilos de todo o mundo.